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Juros do cheque especial vão a 185%
No acumulado em 12 meses, porém, a taxa de expansão do crédito ainda está longe do esperado pelo BC. Até maio, registrava 20,4%.
Os juros elevados não reduziram a gastança do consumidor, que continua a comprar em ritmo acima do desejado pelo Banco Central. Mesmo com a taxa média em 46,8% ao ano — o maior nível desde maio de 2009 —, a liberação de crédito cresceu 10,5% entre abril e maio e alcançou R$ 76,6 bilhões. O estoque de financiamentos avançou 1,6%, totalizando R$ 1,804 trilhão, o equivalente a 46,9% do Produto Interno Bruto (PIB, soma de todas as riquezas geradas no país). Com números tão expressivos, a autoridade monetária se viu obrigada a rever sua projeção para o crescimento dos empréstimos em 2011, que passou de 13% para 15%.
No acumulado em 12 meses, porém, a taxa de expansão do crédito ainda está longe do esperado pelo BC. Até maio, registrava 20,4%. Por enquanto, a despeito do discurso do chefe do Departamento Econômico do BC, Túlio Maciel, ela está longe de declinar para o valor considerado ideal pelo governo. "Temos observado uma expansão moderada do crédito", disse Maciel sobre as concessões médias diárias de recursos, que recuaram 5,6% em maio.
As concessões acumuladas no mês, em contraponto ao argumento de Maciel, registraram expansões de dois dígitos. No crédito pessoal, as liberações cresceram 13,4%. Em veículos, o avanço foi de 14,7%. Para bens duráveis, 15,1%. Até o cheque especial, modalidade cuja taxa a partir de maio chegou ao maior nível desde abril de 1999 (185,4%), registrou alta de 11,9%. O segmento imobiliário foi o recordista, com 85,1%.
Para Nicola Tingas, economista-chefe da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi), o ritmo ainda está muito elevado. "Quando o BC refaz sua projeção para o ano, reconhece que não obteve a resposta que gostaria. Não é só a política monetária que impacta a decisão de tomar crédito, mas também os salários e empregos", argumentou.
"Sem dúvida é uma desaceleração mais lenta que o esperado", observou Luís Otávio de Souza Leal, economista-chefe do banco ABC Brasil. "O risco, neste mês, está no avanço da inadimplência." O calote das famílias alcançou 6,4% das operações usadas para calcular as taxas de juros, no maior nível em 12 meses.