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Bancos lançam linhas especiais com juros próximos aos do consignado
Os juros praticados variam de 2,25% a 2,95% ao mês, de acordo com o prazo escolhido pelo cliente.
Os bancos lançaram linhas especiais de empréstimo para que o brasileiro possa pagar as despesas típicas de começo do ano, como o IPTU e IPVA. Os juros chegam ao patamar do oferecido em crédito consignado.
O Banco do Brasil, com o BB Crediário Pagamentos Diversos, oferece prazo de até 60 meses e limite máximo financiável de R$ 50 mil. Os juros praticados variam de 2,25% a 2,95% ao mês, de acordo com o prazo escolhido pelo cliente. O banco explica que, normalmente, a demanda por esta linha é 20% superior no primeiro semestre, frente à segunda metade do ano.
O Bradesco também disponibiliza linhas em que o cliente poderá escolher a data de vencimento da primeira parcela, em até 59 dias após a contratação da operação. As linhas têm prazo de até 40 meses, com prestação mínima de R$ 20. Os juros variam de 3% a 3,99% ao mês.
Linhas especiais mesmo?
De acordo com o vice-presidente da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), Miguel de Oliveira, as linhas podem realmente ser consideradas “especiais”. Isso porque empréstimos pessoais em bancos costumam ter juros médios de 5% ao mês, enquanto a média oferecida nessas linhas é de 3,5% ao mês.
“São consideradas linhas abaixo das normais de empréstimo. São específicas e diferenciadas em taxas de juros, são linhas mais baratas mesmo”, afirmou. “Uma taxa de 2,25% ao mês já se aproxima de uma taxa oferecida em crédito consignado”.
Oliveira afirmou que os bancos oferecem essas linhas porque sabem que o começo do ano “é uma oportunidade para emprestar, porque tem concentração de dívidas, como IPTU, IPVA, matrícula, livros e uniforme escolar, além das compras de Natal”, que ainda podem pesar no bolso do brasileiro.
A grande questão
Diante destes juros menores, a grande dúvida é se vale a pena tomar estes empréstimos. Para o vice-presidente da Anefac, em geral, a orientação é que o consumidor fuja dos empréstimos, mas no começo do ano isso pode ser inevitável.
“Estudos nossos dizem que o consumidor brasileiro tem o dobro de despesas no mês. Ou seja, o cara que ganha R$ 1 mil tem R$ 2 mil de despesas. O salário é insuficiente. Então, ou ele faz uma reserva para fazer frente a isso ou, se não fez, vai ter de entrar nos empréstimos”.
No caso do pagamento de impostos, que oferecem descontos à vista, Oliveira orienta que a pessoa, se não conseguir aproveitar o valor menor, que parcele o IPTU e IPVA. Se não conseguir arcar com a parcela, aí então ele disse que a pessoa deve tomar o empréstimo, analisando sempre quais são as melhores opções.
Aproveitando o desconto
Para o planejador financeiro Valter Police, existe a possibilidade de se tomar o empréstimo para poder aproveitar o desconto oferecido no pagamento à vista de impostos.
No caso de São Paulo, onde o desconto é de 3%, ele afirmou que vale a pena tomar o empréstimo se os juros mais IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) – que nem sempre são considerados, segundo ele disse - forem menores do que 3,1% ao mês.
“Esse pensamento só é válido se o empréstimo puder ser pago integralmente no mês seguinte. Cada mês adicional irá corromper o pequeno ganho auferido no primeiro mês, inviabilizando a operação. Significa também que não vale a pena pegar o empréstimo e pagar o IPVA parcelado”, afirmou.
Quando analisado o IPVA, cujo desconto é de apenas 3% no pagamento à vista, tomar um empréstimo com juros de 4,5% não vale a pena. Se o imposto for de R$ 100 - exemplo hipotético -, com o desconto, ele fica em R$ 97. Tomando o empréstimo de R$ 97 para quitar o imposto à vista, em um mês, a pessoa pagaria R$ 101,37, acima do valor inicial.
O desconto para pagamento de impostos à vista varia entre os estados e municípios e, quanto maior for, mais vale a pena aderir a ele, de acordo com Police. Mas, para isso, fique atento ao calendário da sua região, para não pegar o empréstimo e deixar de aproveitar o desconto.